Fortuna era a deusa romana do destino e da sorte, uma figura que caminhava entre o acaso e a providência. Representava tanto a boa fortuna quanto o infortúnio, pois para ela tudo dependia do giro da roda que simbolizava o ciclo imprevisível da vida. Era adorada por reis, soldados e plebeus — todos igualmente conscientes de que, diante dela, ninguém tinha controle total do próprio destino. Fortuna podia elevar um homem à glória em um dia e lançá-lo à ruína no seguinte, sempre com o mesmo sorriso enigmático.
As histórias sobre a deusa a retratam como uma mulher de olhos vendados, segurando um leme ou uma cornucópia, indicando que a sorte navega sem direção fixa, guiando e confundindo conforme sua vontade. Em Roma, havia templos dedicados a ela em todos os cantos, especialmente nas encruzilhadas e nos portos — lugares onde decisões e destinos se cruzavam. Os romanos acreditavam que agradá-la era uma forma de manter a maré da vida a favor, mas também sabiam que ninguém podia contar com sua benevolência para sempre.
Fortuna sempre foi uma lembrança viva de que o poder e a riqueza são passageiras, e que a verdadeira sabedoria está em saber lidar com as viradas da sorte. Ela não punia nem recompensava por moral, mas ensinava por meio da mudança. Sua roda continua girando no imaginário humano até hoje, como símbolo do inesperado que molda nossas vidas. Afinal, como diziam os antigos, é a mão de Fortuna que move o mundo — às vezes com doçura, às vezes com brutal honestidade.

